A velocidade na Via Anchieta
Com certeza, o Santo Padre José de Anchieta, cada vez que olha, fica com vergonha e tapa os olhos com as mãos. Se ele soubesse o que fariam com sua rodovia, ou melhor, com a rodovia que leva seu nome, ele teria negociado uma troca com São Antão ou outro santo que quisesse aparecer na foto, como as quase celebridades, que pouco se importam se o assunto é positivo ou não. O importante é ter a cara estampada na Caras.
O tema me envergonha quase tanto como o santo missionário. Mas vamos aos fatos. Alguém, com enorme senso de humor ou forte veia sádica, decidiu reintroduzir a velocidade de descida da serra dos índios tupis. A única diferença é que os índios desciam a pé e hoje o que trafega pelo antigo traçado da picada transformada em rodovia de pista dupla são potentes automóveis, boa parte deles equipada com o que há de mais moderno em equipamentos de segurança.
Eu viajo pela Via Anchieta faz muito tempo. Desde a época que meu pai tinha um Ford 1952. Depois, desci e subi de Kombi, Fusca, DKW, Aero Willys, Simca, Galaxie, até ter meu primeiro carro, um Opala Especial 2500, ano 1971, com freio a tambor nas quatro rodas. Daí pra frente, com ele e os outros carros depois dele, durante vários anos, fui e voltei do Guarujá a maior parte dos fins de semana de cada ano. E viajo para lá até hoje.
No tempo das carroças, como diria um ex-presidente corrupto, a velocidade da rodovia era 80 quilômetros por hora, para descer e para subir. Em duas ou três curvas havia uma redução pontual, apenas para evitar acidentes em locais menos protegidos.
Hoje a velocidade em alguns trechos consegue ser de apavorantes 40 quilômetros por hora. Em outros, 50 e em outros, 60. Sendo que ela muda para mais ou para menos sem muita explicação ou razão lógica, a não ser o senso de humor ou a vontade de multar de quem determina velocidade.
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