Somos 203 milhões de brasileiros
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
O IBGE acaba de divulgar os números do recenseamento de 2022. Eles são menos cor de rosa do que imaginávamos. Era comum se falar em 220 milhões de brasileiros. Lamentavelmente, os números ficaram abaixo disso. Somos 203 milhões de pessoas, para o bem ou para o mal.
Seguimos sendo um dos países mais populosos do planeta. Graças ao Brasil, o português segue uma das dez línguas mais faladas, mas o dado complicado é que esse senso aponta o menor crescimento da nossa história e isso tem consequências negativas para a nação.
Em primeiro lugar, temos o envelhecimento da população e seus reflexos sobre a previdência social. Com a população crescendo menos, a pirâmide social se distorce e a base se torna pequena para fazer frente aos custos do topo, onde estão os mais velhos, os aposentados ou os que dependem dos serviços do governo, sem poder mais custeá-los.
Como a população está crescendo menos, há menos jovens no mercado de trabalho, contribuindo para o equilíbrio da massa previdenciária e assim assumindo a maior parte dos custos para manter aposentadorias e demais serviços prestados pela previdência social.
O resultado dessa inversão – na medida em que o desenho da previdência social prevê um maior número de jovens trabalhando para custear um menor número de idosos aposentados – é o desequilíbrio da conta e o aumento do déficit, já que um dos maiores responsáveis pelas contas não fecharem está cobrando seu preço e, no novo cenário trazido pelo senso, a tendência é o rombo crescer.
A redução da velocidade do crescimento da população brasileira tem outras consequências sérias e que terão impacto negativo nos números finais da nação. Com menos jovens para entrarem no mercado de trabalho, a massa de trabalhadores aptos a levarem o país nas costas diminui e isso impacta negativamente o resultado do PIB e a balança nacional. A tendência é o déficit aumentar e não há fórmula no mundo que modifique essa realidade.
Para a iniciativa privada o resultado é tão ruim quanto para a o governo. Menos gente nascendo significa menos mão de obra e, tão importante quanto, menos consumidores para girar a economia.
Isso se aplica à venda de automóveis, ao comércio de produtos eletroeletrônicos, ao setor de seguros etc. Todos serão impactados pela diminuição do crescimento da população e por isso os responsáveis pela nação precisam levar a sério os números divulgados. Afinal, eles são o retrato do Brasil agora e, como não há como mudar o rumo rapidamente, será também o retrato da nação no próximo senso, já que a retomada da taxa de crescimento populacional depende de uma série de fatores, hoje, com viés negativo.
Curto e grosso, o senso aponta um cenário com menos seguros em geral. Menos crescimento quer dizer menos seguros de vida, menos seguros de auto, menos seguros patrimoniais. Para compensar a piora do quadro, temos uma única variável, mas que aqui se torna crucial. Como há muito seguro a ser feito para preencher as demandas da sociedade, o impacto na atividade será mais lento que no restante da economia.
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