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Crônicas & Artigos

em 26/06/14

Um bom engraxate é um artista

por Antonio Penteado Mendonça

Cada vez mais tem menos engraxates na cidade. Faz tempo que eu abordo o tema, confesso que com tristeza. Um bom engraxate é um verdadeiro artista. Ele deixa sua marca no sapato.

Quando comecei a trabalhar, lá se vão muitos anos, o Centro era o campo de ação de centenas de engraxates espalhados pelas praças, barbearias e galerias. Chegaram inclusive a erguer um lugar especial para eles, bem no meio da Praça Antonio Prado.

Tinha os melhores, os bons, os não tão bons e os que não sabiam o que faziam, como acontece em todas as profissões. Os melhores tinham freguesia fixa e era comum irem até as casas dos clientes retirar os sapatos e devolvê-los mais tarde, devidamente engraxados.

Com a chegada do homem à lua e a mudança radical dos sapatos para os tênis, os engraxates entraram em extinção. Ninguém engraxa um tênis. Então eles foram perdendo espaço e deixando de serem úteis, o que fez a profissão deixar de atrair novos talentos, como o Seu Pereira, no Largo do Ouvidor, ou o Seu Luiz, no Largo do Arouche.

O processo foi relativamente lento. Em 30 anos, foram diminuindo, mas até hoje os encontramos – em número bem menor – nas imediações do Fórum João Mendes, no Largo do Ouvidor, na Praça da República, na Praça do Patriarca, em volta da Biblioteca Mário de Andrade e mais 4 ou 5 lugares, incluído o Aeroporto de Congonhas, onde trabalham engraxates de primeira linha.

Pode mais quem chora menos, ou vice-versa. Não dá para dizer que nunca mais teremos engraxates em São Paulo. Afinal, a moda vai e volta. O que é certo é que atualmente seus serviços não são mais tão requisitados. Por isso, vão minguando, engolidos pela distância do tempo, quando o Centro era o coração da cidade.

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