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Crônicas & Artigos

em 08/05/14

Os sabiás e a ração do pamonha

por Antonio Penteado Mendonça

Eu não tenho a menor certeza de que os bichos não pensam ou não sabem o que acontece em volta. Se fosse assim, o Pamonha não ficaria feito louco, todos os sábados de manhã, esperando o Cordeiro chegar para passear com ele.

Não é sexta feira, não é domingo. É sábado. Se ele não tivesse a menor noção de tempo, ou não pensasse, tanto faria o dia. E dizer que é reflexo condicionado não resolve, afinal, sete dias são sete dias, se ele não soubesse o que sabe, se não tivesse certeza, o erro seria previsível e ele esperaria o Cordeiro outro dia ou outra hora.

Também é verdade que os animais têm forte noção de amizade. Quando eu era menino, meu primo Fernão e eu tínhamos dois cavalos, o Corsário e o Nativo, que não permitiam que nenhum outro animal dividisse o pasto com eles. Atacavam o intruso a coices e mordidas.

Tem gente que sabe muito mais do que eu a respeito da capacidade pensante dos animais em geral. E eles me garantem que não é verdade que os animais não pensam. Eles pensam, mas de uma forma diferente.

Pra quem duvida, recomendo ler Guimarães Rosa. Nos contos de Sagarana as dúvidas acabam.

Mas o que vale aqui é o registro de que os sabiás também pensam. Eu sei porque vejo. A ração e a água do Pamonha ficam no fundo da garagem lá de casa, perto da cama dele.

Pois os sabiás laranjeiras entram na garagem para tomar banho na bacia de água e aproveitam para comer a ração. Afinal, pra que caçar comida na natureza se o serviço de quarto do Pamonha supre as necessidades de comida e higiene das aves?

Mas é negócio de risco. Às vezes o Pamonha não gosta e aí ele pega os sabiás no voo, na hora que estão saindo da garagem.

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