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Crônicas & Artigos

em 07/02/14

O beijo do beija-flor

por Antonio Penteado Mendonça

Toda forma de vida é de algum jeito extraordinária. Mas algumas são mais extraordinárias do que as outras. Veja a estrutura da flor e o milagre chamado beija-flor.

Sua habilidade de voo, suas cores, sua leveza fazem da avezinha uma joia rara, única no universo. Não há quem não se encante com o voo do beija-flor. Ou se encante mais com a beleza da flor.

Mas mais extraordinária é a forma como o beija-flor interage com a flor. Se ele é uma ave agressiva, que impede os concorrentes de entrarem no seu espaço, com as flores que ele beija, o beija-flor é o contrário.

Lentamente ele aproxima o bico e procura com cuidado a corola da flor. Ele não machuca o tecido delicado, mas, ao contrário, o acaricia, o massageia, enquanto devagar, num longo beijo, sorve a seiva, a essência da planta, como se, ao tocá-la para se alimentar, desejasse também – e quem sabe até mais – conhecer os segredos mais íntimos da flor que ele beija.

O beijo do beija-flor alegra a existência da flor. Brinca, agrada, abre os sonhos, e ela se arrepia e se entrega ao mistério de dar e receber.

Cada flor e cada corola têm sua forma, seu cheiro e sua cor. Cada uma atrai a ave de um jeito especial, prometendo uma entrega única, um descobrimento exclusivo.

Se outro beija-flor tocá-la, será uma sensação diferente, outro momento, quem sabe culminando em outra entrega.

Não é só a flor quem se entrega. Ela o atrai com a promessa da corola, mas é o beija-flor quem a procura, quem encontra e quem beija.

A flor se abre, mas cabe a ele descobrir, na fonte claro/escura, onde se esconde o néctar para criar a fusão entre a ave e a flor. Num gesto de profunda ternura, o beija-flor perpetua o milagre da vida.

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