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Crônicas & Artigos

em 25/09/18

No Consolação não mudou nada

No Cemitério da Consolação, o mais antigo da cidade, com verdadeiras obras primas esculpidas por alguns dos maiores artistas do país, não mudou nada. Continuam depredando os túmulos, com a tranquilidade dos que sabem que não há qualquer repressão mais séria.

O carrinho da Guarda Civil sai e a turma sai logo depois, levando o lucro do passeio pelo pedaço.
Como eu sei? Porque agora levaram uma argola de bronze do túmulo da família da minha mãe.

Algum tempo atrás, levaram todas as placas com os nomes dos mortos enterrados no túmulo da família de meu pai.

Em protesto, refiz as placas, mas gravei os nomes em granito, para mostrar minha revolta e evitar que os ladrões lucrassem de novo, levando placas de bronze que eles vendem para os receptadores derreterem e revenderem o metal.

Não ficou agressivo porque o túmulo é um enorme bloco de granito com apenas uma grande cruz esculpida por Brecheret e o granito novo, com os nomes dos mortos, fez um contraste leve com a pedra original.

O túmulo da família de minha mãe é mais tradicional. Todo feito de mármore negro, segue o padrão comum dos túmulos dos cemitérios mais antigos da cidade.

Na frente tem, ou tinha, duas grandes argolas de bronze. Foi uma dessas que foi levada.
A solução foi mandar retirar a outra e guardá-la, colocando nos buracos abertos no mármore dois pequenos remendos de mármore preto para disfarçar a agressão.

O que esperar de um país que não respeita os mortos, não preserva o passado, nem cuida do patrimônio cultural? O Brasil de hoje é triste.

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