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Crônicas & Artigos

em 09/08/18

O motorista sírio

Cada vez mais eu me valho dos taxis e dos aplicativos para me locomover pela cidade. É mais rápido e invariavelmente menos estressante.

Outro dia, voltando para casa num deles, puxei conversa com o motorista que, pelo sotaque, era evidentemente estrangeiro.

Ele me perguntou se eu era capaz de dizer qual o seu país e eu disse que não. Ele me respondeu que era sírio.

Está no Brasil há três anos. Veio sozinho, saído de uma aldeia no sul do país e, depois de um certo tempo, trouxe sua mulher.

Aqui tiveram uma filha, montaram uma lanchonete especializada em comida síria e, para completar a renda, ele dirige para um dos aplicativos.

Vai vivendo como Deus permite. Tem gente pior, tem gente melhor, então, entre secos e molhados, olhando o que deixou para trás, não se queixa da vida. Só sente pelos parentes que ficaram na Síria, antes uma terra organizada, onde as pessoas sabiam o que esperar da vida e agora completamente destruída por uma guerra que tem pouco a ver com o que pensam os moradores locais, a maioria vítima da boçalidade e da barbárie que tomou conta da região.

No meio da conversa ele me perguntou se eu tinha lido sobre o ataque dos terroristas a uma cidade do sul da Síria, onde dezenas de pessoas foram mortas, metralhadas enquanto dormiam e, depois, com a detonação de coletes de explosivos no mercado local. Eu disse que sim e ele me contou que parte das vítimas eram seus parentes próximos, todos moradores de um mesmo bairro. Entre elas, uma prima de 17 anos que, para não ser raptada e levada pelos terroristas, preferiu se jogar na cisterna da casa e morreu afogada.

São conversas como essa que me fazem dar graças a Deus porque, apesar de todos os pesares, ainda vale a pena morar no Brasil.


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