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Crônicas & Artigos

em 10/06/14

Machado de Assis reescrito

por Antonio Penteado Mendonça

Quando minhas filhas estavam no colégio, um dia uma delas me mostrou uma prova baseada na obra de Clarisse Lispector. Eu li, reli e não achei nada que lembrasse a grande escritora.

Pedi para ver o livro e minha filha me deu uma apostila, que tinha a petulância de “simplificar” Clarisse Lispector, como se a genial escritora precisasse de tradução. O texto da apostila era de uma mediocridade única, com palavras que Clarisse jamais utilizaria.

Pois pasmem! Depois de tentarem impingir a pecha de racista a Monteiro Lobato, agora decidiram que é preciso “simplificar” o maior escritor brasileiro, o mais que genial Machado de Assis, para os alunos do ensino médio entenderem sua obra.

O fascinante é que a barbaridade tem apoio do Ministério da Cultura e pretende imprimir 600 mil livros, reescritos por uma professora que praticamente ninguém sabe quem é, mas que tem a pretensão de saber como se traduz o intraduzível.

Longe de mim imaginar que atrás disso tenha alguma maracutaia. Que o projeto seja uma forma de alguém colocar uma grana no bolso. Mas que é muito estranho, é.

Enfim, como o Brasil vive a ditadura do PT, somada aos que imaginam que são os donos da verdade, e nela o cidadão é um imbecil que necessita a proteção do governo para decidir desde como compra refrigerante até como vai ao banheiro, não é de assustar que alguém que nunca leu nem os gibis de Maurício de Souza tenha decidido que é preciso traduzir Machado de Assis para os alunos do ensino médio.

Se dissessem que Machado não escreveu para jovens, é verdade e seria ótimo retirarem seus livros da pauta do segundo grau. Mas simplificá-lo, isso é sem sentido, é mais, é crime contra a cultura nacional.

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