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Crônicas & Artigos

em 17/08/15

Carros, burros e cavalos

Imagine o filme: o carro seguia a 50 quilômetros por hora na Marginal do Pinheiros. Respeitador, cumpridor dos seus deveres, o motorista jamais ultrapassaria a velocidade determinada pelas autoridades francamente interessadas em diminuir os acidentes com vítimas na via expressa.

É verdade que o motorista, seguindo a vocação da Prefeitura, pecava em pensamentos e palavras, falando quase ao mesmo tempo em que pensava o que pensava de muita gente que atrapalha sua vida.

Foi aí que ele ouviu uma buzina estridente, parecida com uivo de lobo correndo atrás dos cervos do Parque Yellowstone, logo atrás do carro.

O motorista se recompôs rapidamente, espantou os maus pensamentos, olhou pelo retrovisor e ficou pasmo. Quem pedia passagem, apertando a buzina a gás, era o cocheiro de um troley puxado por imponente junta de burros.

Irmãos gêmeos, tordilhos claro, com rabo e crina pretos, trotavam como que querendo ganhar mais velocidade, correndo na pista com o asfalto meia bomba, lembrando as picadas do fazendão de café.

Impertinente, o cocheiro continuava a apertar a buzina, infernizando o motorista que insistia em seguir a 50 quilômetros por hora na pista do meio, dono do mundo e da certeza de estar certo.

Num movimento brusco, o troley saiu para a esquerda e emparelhou com o carro. O cocheiro apontou a buzina pra janela do motorista e apertou o gatilho, o urro saiu forte. Depois, quando o urro cessou, o cocheiro olhou nos olhos do motorista e gritou: “Poste!” E seguiu em frente. Na sequência, um cavaleiro trotando num alazão manga-larga emparelhou com o carro e mais uma vez o motorista ouviu: “Poste, sai da frente!” – enquanto, num galope curto, o cavalo deixava o carro pra trás.

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