Penteado Mendonça Advocacia

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Crônicas & Artigos

em 28/11/14

Uma no cravo, outra na ferradura

Originalmente publicado no jornal Sindseg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

Depois de elogiar e comemorar a mudança do Sindseg/SP para suas novas instalações na Avenida Paulista, a deterioração da região da Avenida São João, de onde saiu forçado pela falta de segurança e degradação do pedaço, serve de gancho para este artigo.

A deterioração da malha urbana e, pior do que ela, o abandono de partes importantes da cidade e das funções da administração pública tem como consequência o retrato dramático que hoje é o espelho de boa parte de São Paulo.

Moradores de rua e drogados cambaleando pelas esquinas, dormindo no meio das calçadas, improvisando cabanas de trapos nas quinas dos prédios. Bandidos agindo impunemente no meio das ruas.

Assaltos acontecendo em todos os lugares, dentro e fora das habitações e empresas. A rotina de estupros manchando o bom nome de avenidas como a Santo Amaro. Assassinatos frios e cruéis por menos que uma moeda. E por aí vamos.

O resultado disso são mais de 718 mil acidentes de trânsito socorridos pelos bombeiros em São Paulo, no ano de 2013. São dezenas de crimes de morte todos os dias, que as estatísticas tentam pintar num tom menos negro, diferenciando homicídio e latrocínio, como se para o morto tivesse alguma importância a definição legal do tipo de delito que resultou em sua morte…

Os roubos atingem números espantosos. Crescem fora de controle há 17 meses ininterruptamente. Se o total mensal assusta, a conversão para minutos assusta muito mais. 13.596 divididos por 30 e novamente divididos por 24 dá o espantoso total de 18 assaltos por hora!

Mas se isso é apavorante, o cenário para o Brasil em 2015 também é assustador. Quem viveu os anos 1990 sabe que para as coisas se deteriorarem só é preciso navegar contra o vento, com um capitão incompetente. Quem não viveu, é só dar uma olhada na Venezuela e na Argentina para descobrir com que rapidez países quase ricos caem para realidades próximas às de Cuba.

O ano que vem, se tudo der certo, tem tudo para acabar empatado. Se um detalhe não der certo, começa a fazer água; se dois detalhes derem errados, começa a naufragar. É verdade que equipe econômica recém anunciada é tida por competente, mas apenas ela é pouco para segurar o tranco.

É neste cenário que o setor de seguros vai navegar. Como 2014 não acaba com a última linha do balanço impressionando a maioria dos acionistas, a perspectiva é preocupante e exigirá muita competência dos executivos das seguradoras, dos resseguradores e dos corretores de seguros.

Todos têm desafios a serem enfrentados. Apenas o que ocorre no mundo já gera material de sobra para afetar o desempenho de todo o setor, ainda que o Brasil tendo a sorte de ter um mercado segurador muito menor do que o potencial real do país. Quer dizer, tem espaço para crescer, mas esse espaço só será preenchido por quem tiver competência profissional e na hora certa, que não será em 2015.

Em época de vacas magras, com pouca água, energia cara, mudanças climáticas, recessão, inflação alta, falta de competitividade, governo sem política de desenvolvimento, gargalos históricos, como estradas ruins e portos ruins, desemprego subindo nas classes mais abastadas, etc., a melhor coisa que alguém faz é estudar cuidadosamente a situação. Antes de qualquer movimento, é preciso conhecer o terreno, saber onde é sólido e onde tem areia movediça.

O Brasil tem milhões de veículos sem seguros. Milhões de imóveis sem seguro. Centenas de milhares de propriedades rurais sem seguros. Precisa construir uma ampla rede de infraestrutura, modernizar a malha urbana, o sistema de aeroportos, as ferrovias, as rodovias, os portos, os armazéns, enfim, tem seguro para ser feito em praticamente todos os campos, começando pelos seguros de pessoas, que estão longe de dar cobertura para toda a sociedade.

No ano que vem, conseguir crescer vai ser para poucos. Mas quem conhece o país sabe que as crises também passam e que o importante é ter foco e paciência. Nada mais verdadeiro do que o sol depois da tempestade. Ainda mais quando o prêmio para quem sobreviver é a possibilidade concreta de um forte crescimento.

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