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Crônicas & Artigos

em 25/03/16

Um passo da maior importância

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

Pelo que dizem as pessoas bem informadas, o seguro popular de automóvel está pronto para sair do forno. É uma medida da maior importância para o setor de seguros brasileiro.

Em nenhum momento da nossa história, nem mesmo nas épocas de vacas gordas, a frota nacional teve mais do que 25% do total de veículos com algum tipo de seguro. A razão para isso é a relação custo/benefício que, com o passar dos anos, vai se tornando gravosa, espantando do universo segurado os veículos com mais de cinco anos de idade.

Passados cinco anos, o que hoje significa dizer veículos ainda dentro da garantia de fábrica, o custo do seguro completo do automóvel fica caro e desinteressante para o segurado. Se o problema fosse apenas o seguro do casco, tudo bem, estaria explicado, mas o quadro vai além e precisa ser lido em toda sua extensão.

A verdade é que o brasileiro, seja lá pela razão que for, não se preocupa com o seguro de responsabilidade civil ou com o seguro dos passageiros. O que lhe importa é o seguro do próprio veículo, que é, justamente, a garantia mais cara da apólice.

Tanto isso é verdade que a maioria dos seguros de responsabilidade civil facultativa de veículos tem importância segurada muito menor do que o mínimo necessário para pagar a indenização real decorrente de um acidente de trânsito. Ao contrário, as apólices que têm estas garantias normalmente apresentam capitais insignificantes em relação aos riscos reais.

E o quadro se agrava mais quando falamos dos seguros para os passageiros e motorista do veículo. Estes, pouca gente sabe que existem. Aliás, é comum o segurado imaginar que o seguro de danos a terceiros cobre também o motorista e os passageiros, só que não cobre. A garantia para eles é o seguro de acidentes pessoais de passageiros, invariavelmente deixada de lado para baixar o preço do seguro.

Num país onde seguro ainda é contratado mais em função do preço do que das garantias contratadas, e onde a “lei de Gerson” tem prevalecido, contratar o seguro mais barato que o amigo é um grande negócio, que costuma acabar mal quando o segurado necessita utilizar seu seguro e descobre que ou não tem a cobertura, ou o capital não faz frente aos prejuízos.

Ainda assim, o seguro de veículos é uma das principais carteiras do mercado, representando mais de 30% dos prêmios gerados no país. Mais do que isso, é um produto amplamente bem sucedido, atendendo com eficiência o público para quem ele foi desenhado, ou seja, as classes média e alta da sociedade. Apesar disso, há uma queda vertiginosa de veículos segurados quando estes atingem quatro anos ou mais.

É aí que o seguro popular aparece como o pulo do gato, a solução simples como o ovo de Colombo, mas que levou anos para ser implementada e viabilizada.

Todo mundo sempre soube que o caminho para aumentar o número de veículos segurados está diretamente ligado ao preço do seguro. Se o seguro for suficientemente barato para atrair o proprietário de veículo, é óbvio que ele vai fazer seguro para proteger seu patrimônio, ainda mais num país onde se roubam milhares de veículos e outros milhares de acidentes de todos os tamanhos acontecem anualmente.

Com o seguro popular, o setor de seguros nacional dá um passo importante para quebrar a barreira dos 25% da frota segurados. É o caminho para até mesmo dobrar o total de veículos protegidos por seguros num espaço relativamente curto de tempo.

As dificuldades a serem vencidas, e que estão praticamente equacionadas, dizem respeito principalmente às peças a serem utilizadas nos reparos, em caso de acidentes.

As regras atuais são rigorosas e impedem o uso de peças recondicionadas, recuperadas, retiradas de veículos sinistrados ou fora do universo das peças originais, até quando fabricadas pelos mesmos fabricantes que abastecem as montadoras.

É aí que o seguro popular muda o jogo. Com ele será possível a utilização de uma ampla gama de peças muito mais baratas do que as peças originais, sem que haja o comprometimento da segurança do veículo.

A redução destes custos fará o preço do seguro cair significativamente, atraindo milhares de segurados, atualmente à margem do mercado.

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