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Crônicas & Artigos

em 11/11/16

Um ano sem Marco Antonio Rossi

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

Faz um ano que Marco Antonio Rossi morreu num acidente de avião, quando voava, em companhia de Lucio Flávio Condurú de Oliveira, de Brasília para São Paulo, no jato da diretoria do Bradesco. Além deles, os dois pilotos também morreram.

A morte de todo ser humano é uma perda irreparável. Por isso o grande poeta inglês, John Done, séculos atrás, terminou um dos poemas mais belos de todos os tempos com os versos “não me perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”.

Mas a morte fica mais irreparável ainda quando ela chega de supetão, sem aviso, fora de hora e atinge alguém que nos é caro. Não há consolo, não há palavra ou gesto que mitigue a dor, que diminua a tristeza.

Marco Antonio Rossi não era melhor do que os outros milhares de seres humanos que perdem a vida todos os dias e cuja morte enluta famílias e amigos. Não, ele não era melhor, era diferente.

É essa diferença que faz com que sua morte, um ano depois, continue sendo diariamente sentida por todo um setor econômico. O setor de seguros ainda não se refez da perda do líder que o conduziu com raro talento e competência por alguns dos momentos que transformaram a atividade, criando reservas de quase um trilhão de reais, companhias sólidas, profissionais comprometidos e pessoas focadas na missão de garantir proteção para a sociedade.

Marco Antonio Rossi tinha um jeito especial de ser. Tranquilo, capaz de ouvir, contemporizador, agregava até quando as divergências eram profundas e capazes de dificultar o consenso. Comandava o barco de forma suave, mas firme. E esta firmeza dava rumo e segurança para milhares de pessoas, mesmo quando o mar estava agitado ou a tempestade parecia terrível.

Marco Antonio Rossi era presidente da Bradesco Seguros, vice-presidente do Banco Bradesco e presidente da CNSEG, a Confederação Nacional das Seguradoras. Em todos estes cargos ele se destacava pela competência, foco e profissionalismo, qualidades que o colocavam, ao morrer, como provável sucessor de Luiz Carlos Trabuco Capi na presidência do Banco Bradesco.

Ele já tinha anunciado que não pretendia ser reeleito para uma nova gestão à frente da CNSEG. Para ele, no seu modo realista e generoso de ver a vida, sua missão como líder dos seguradores brasileiros estava encerrada e o mercado deveria escolher outro profissional para substitui-lo e prosseguir com a tarefa de consolidar, dar visibilidade e importância para o setor.

Já na sua posse na presidência da CNSEG, realizada em Brasília, com a presença de altas autoridades dos três Poderes da República, Marco Antonio Rossi definiu o rumo que pretendia dar ao setor e, a partir daí, foi atrás dos resultados, delegando tarefas, dividindo empreitadas, cobrando soluções, discutindo com todos os envolvidos as melhores opções para cada situação ou momento.

Incansável, Rossi tinha a capacidade de delegar, mas sem jamais abrir mão de suas responsabilidades ou responder por seus atos. Corajoso, firme, ponderado, ele conseguia, invariavelmente, o consenso necessário para fazer assuntos altamente complexos avançarem de forma harmoniosa, até quando os interesses eram evidentemente conflitantes.

Há poucas semanas, a AIDA (Associação Internacional de Direito de Seguro) prestou uma homenagem mais do que merecida à memória de Marco Antonio Rossi, dando seu nome para a sala de reuniões de sua sede em São Paulo.

Foi um ato oficial, mas, mais do que isso, foi um encontro de familiares e amigos de Rossi, que se transformou numa tarde muito bonita e humana, pelas palavras ditas pelos participantes, entre eles, a viúva e uma filha, altos executivos do Bradesco e da Bradesco Seguros, diretores e conselheiros da AIDA.

Confesso que, passado um ano, ainda me comovo ao lembrar meu amigo e conselheiro. Marco Antonio Rossi e eu ficamos amigos faz muitos anos, por conta de nossa atuação no setor de seguros. Ao longo deste tempo, a amizade e a confiança foram crescendo e eu tive o privilégio e o conforto de tê-lo como conselheiro em vários momentos delicados.

É por tudo isso que ele faz falta para a família, para os amigos, para o grupo Bradesco, para o setor de seguros e para mim.

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