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Crônicas & Artigos

em 10/10/14

Títulos de capitalização

Originalmente publicado no jornal Sindseg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

Qual a diferença entre uma loteria e um título de capitalização? De acordo com um dos maiores especialistas no tema, a grande vantagem do título de capitalização é que nele o brasileiro vê uma loteria na qual ele não perde. Se não ganha o grande prêmio, pelo menos recupera parte do dinheiro investido.

É este mesmo especialista quem afirma que o grande chamariz dos títulos de capitalização é a loteria. O investimento numa poupança programada tem pouco apelo, e o maior é justamente a devolução do dinheiro, ainda que num tempo relativamente longo.

Se o brasileiro não gostasse de jogar a Caixa Econômica Federal não teria a quantidade de loterias a disposição da população. O brasileiro joga, tanto que um dos melhores negócios do crime organizado sempre foi o “jogo do bicho”, que, em si, é uma mera contravenção, mas alavanca outros tipos de delitos.

O titulo de capitalização é uma invenção francesa que frutificou no Brasil. Cresceu de tal forma que nos anos 1940 foi responsável pela construção de vários edifícios nas regiões mais valorizadas de diversas cidades brasileiras. Depois, teve um período de queda, ficou desmoralizados em função de uma série de estrepolias feitas em seu nome, ou escondidas atrás dele.

Atualmente, as empresas que operam com títulos de capitalização são sólidas, fiscalizadas pela SUSEP, obrigadas a constituir reservas e a ter capital mínimo, o que garante a lisura da operação.
Faz muito tempo que ninguém escuta falara em operadoras em dificuldades ou que não honram seus produtos.

Golpes como o que prometia a certeza de ganhar um caminhão no sorteio para todos que comprassem um título de capitalização são coisa do passado. O brasileiro sabe o que é um título de capitalização e como se servir dele com o máximo de eficiência.

Se alguém tem dúvida, basta olhar a quantidade de dinheiro movimentada pela atividade para verificar que o pagamento dos benefícios se situa na casa dos bilhões de reais, significando bem mais do que o total pago pelos sorteios.

Mas se o que atrai a maioria é a loteria, há quem use os títulos para ações específicas, como reservar os recursos para pagar uma viagem ou a troca do carro.

Quem faz isso regularmente é um velho amigo, conhecido professor de economia. Segundo ele, ao comprar o título, ele gera uma poupança forçada que lhe permite no momento do resgate adquirir o objeto do desejo, sem interferir no giro normal do custo de sua vida.

Tem também quem se valha dos títulos de capitalização para viabilizar programas de incentivo e marketing, como os sorteios realizados por shoppings centers ou grande redes varejistas.

E recentemente surgiram títulos de capitalização desenhados para competir taco a taco com os seguros de fiança locatícia. Há, inclusive, quem diga os títulos são mais eficientes e por isso têm tudo para crescer bastante no segmento.

Ao contrário das apólices de seguro que são contratos de adesão relativa, nos quais o segurado interage ainda que parcialmente com a seguradora, os títulos de capitalização são contratos de adesão puros.

Se nas apólices os segurados devem determinar os riscos garantidos, o capital segurado, franquias, participação obrigatória, etc., nos título de capitalização o pacote vem fechado. Não há espaço para qualquer ação do comprador, exceto pagar o título e seguir as instruções.

“Aula de poupança para os menos favorecidos”, “loteria onde quem não ganha não perde”, tanto faz a definição, o fato concreto é que os títulos de capitalização continuam fazendo enorme sucesso no Brasil.

Para eles, até agora, não teve crise. E pela própria natureza do produto, pode-se dizer, sem medo de errar, que não há nada indicando dificuldades no caminho. Pelo contrário, é nas crises que o brasileiro tenta mais a sorte.

“Se as coisas não vão tão bem e a vida está apertada por que não fazer uma fezinha?”

Enquanto o raciocínio for este os executivos das empresas de capitalização não precisam temer o futuro.

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