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Crônicas & Artigos

em 24/08/15

Soma positiva

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

O Governo de São Paulo decidiu realizar uma pesquisa para saber com mais certeza o número de mortos em acidentes de trânsito no estado. A ideia é atualizar os dados hoje existentes, bastante incompletos e desatualizados. O que isto tem a ver com uma coluna de seguros? Tudo. Seguro é essencialmente baseado em informação e estatística. Quanto mais exatos os dados à disposição da seguradora, mais exato o cálculo do prêmio, ou seja, mais justo o preço pago por cada segurado.

De acordo com a Seguradora Líder do Seguro DPVAT, no Brasil morrem mais ou menos 60 mil pessoas em acidentes de trânsito anualmente. O dado não bate com as informações do Governo Federal, que diz que por ano são perto de 50 mil mortos no trânsito em todo o país.

E a coisa complica mais ainda quando se sabe que a conta da CET, referente aos mortos nas ruas da capital, está longe de ser verdadeira, entre outras razões porque durante muito tempo a CET pretendeu diminuir o número de vítimas fatais, o que fazia com que ela só computasse como mortes no trânsito as pessoas que morriam no local do acidente. Foi necessária uma pesquisa da Universidade de São Paulo para mostrar que o número era bem maior do que o informado.

Como agora a CET está firmemente empenhada em reduzir a velocidade das principais vias da cidade e assim poder multar mais e aumentar a arrecadação da Prefeitura, não seria surpresa se o número de mortos misteriosamente crescesse.

É por isso que a ação do Governo do Estado se reveste de fundamental importância, não apenas para a melhoria do nível das estatísticas, mas para se conhecer melhor o que acontece de verdade nas ruas e estradas do estado e assim implementar as medidas necessárias para melhorar o quadro.

“Mortos no trânsito” significa que, além deles, há um número bem mais alto de feridos no trânsito. E essa soma quer dizer custos muito elevados para a Previdência Social. Quanto mais pessoas morrem nas ruas, mais o INSS tem que pagar em indenizações e pensões de todos os tipos. E mais o SUS tem que pagar para atender estas pessoas nos hospitais.

Do lado da população e da iniciativa privada estes custos também são bastante elevados. As famílias podem perder seus arrimos, negócios podem ser condenados a fechar, seguradoras são obrigadas a pagar muitas indenizações, etc.

Sem certeza de quantas pessoas morrem vítimas de acidentes de trânsito, todas as contas e projeções são estimativas e comportam, portanto, uma gordura extra, como margem de garantia, que distorce o resultado real, para mais ou para menos.

Na contramão do que vem acontecendo no Brasil, o Governo paulista tem implementado uma série de ações destinadas a combater o crime em todos os níveis e tem conseguido sucesso. Hoje as taxas de criminalidade no estado estão entre as menores do país.

Parte das mortes no trânsito tem como origem ações criminosas, notadamente dirigir sob efeito de álcool ou drogas. Por isso, conhecer melhor este universo, com estatísticas confiáveis na base do processo, com certeza terá efeito positivo na redução do número de mortes e, tão importante quanto, no número de acidentes de trânsito em geral, com ou sem vítimas.

Em algum momento, as seguradoras também se beneficiarão das medidas adotas pelo Governo do Estado e pagarão menos indenizações porque haverá a redução do número de acidentes e da quantidade de vítimas fatais ou permanentemente inválidas.

A melhor prova disso é a queda do número de roubos e furtos de veículos no território paulista. Em função da Lei dos Desmanches, em vigor em São Paulo há mais ou menos um ano, o estado apresenta hoje uma redução de 30% no total destes crimes.

Ora, se ações sobre desmanches clandestinos funcionam, não há razão para ações baseadas em estatísticas confiáveis também não funcionarem. Assim, a decisão do Governo do Estado de saber melhor quantas pessoas morrem por ano em acidentes de trânsito em seu território é muito bem vinda, não só pelas seguradoras, mas por toda a população.

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