Penteado Mendonça Advocacia

Herdeiro de uma tradição jurídica iniciada em 1860.

PT | EN

Insira abaixo seu e-mail caso deseje fazer parte do nosso mailing:

Estamos à disposição: contato@pmec.com.br 11 38779.9700

Crônicas & Artigos

em 14/08/23

Planos de saúde, o buraco dimunuiu, mas continua

Originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo.
por Antonio Penteado Mendonça

Em 2022 os planos de saúde privados fecharam o ano com um déficit operacional de onze bilhões de reais. É número para ninguém colocar defeito e na sua composição estão incluídos inúmeros tópicos que merecem, cada um, um estudo detalhado porque todos são relevantes individualmente e somados levam a uma pergunta, cuja resposta pode ser dramática: será que os planos de saúde privados com o desenho atual são viáveis?

Uma leitura superficial dos resultados dos planos de saúde privados no primeiro semestre do ano pode levar a uma resposta enganadora. De acordo com a ANS (Agência Nacional de Saúde Privada), nos primeiros seis meses de 2023 os planos tiveram um lucro de novecentos e sessenta e oito milhões de reais. Frente ao número consolidado no ano anterior seria um resultado bom, mas se as contas forem abertas, veremos que ele não é tão bom assim e que o resultado positivo é decorrência de uma particularidade dos produtos do setor de seguros. Graças a capacidade de investimento de grandes quantias utilizadas para formação do mútuo para estabilidade do negócio, estas empresas conseguem resultados financeiros positivos, que podem se transformar em muito positivos quando as taxas de juros estão nos patamares atuais.

A leitura criteriosa do desempenho do setor vai mostrar que o déficit operacional continua alto, na casa dos um bilhão e setecentos milhões de reais. Ou seja, o faturamento com a operação não está suportando os custos diretos do negócio e, no caso da redução dos juros, o resultado pode voltar a ser negativo.

É evidente que o desempenho médio do setor não corresponde ao resultado das operadoras analisadas individualmente. De acordo com a ANS, o Brasil tem um total de novecentos e vinte operadoras, das quais seiscentos e oitenta são de planos de assistência médica e duzentas e quarenta exclusivamente odontológicos.
É importante ressaltar que as operadoras maiores, por terem mais faturamento, tendem a ter um resultado financeiro mais expressivo, o que melhora seu desempenho.

Uma notícia boa é que em maio passado o setor bateu o recorde de beneficiários cobertos, com um total de cinquenta milhões e setecentas mil vidas. Foi o número mais alto desde o início da série histórica, o segundo mês consecutivo de crescimento dos beneficiários e o segundo mês sucessivo em que o recorde de participantes foi quebrado. Anteriormente, o melhor resultado era o de novembro de 2014, com cinquenta milhões, quinhentos e quarenta e um mil beneficiários.

Neste momento não há nada que indique uma reversão da tendência, mas atualmente vinte e cinco por cento da população brasileira já está inserida no sistema, então, em função da renda e do emprego, o limite máximo de beneficiários possíveis de serem atendidos pelo atual desenho dos planos de saúde privados está próximo. De outro lado, as despesas são ilimitadas. Ou o sistema passa por uma revisão, ou o terceiro sonho de consumo do brasileiro pode estar com os dias contados.

Voltar à listagem