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Crônicas & Artigos

em 30/04/15

Para refrescar a memória

Em época de abertura de mais um Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga, um dos grandes seguradores brasileiros da segunda metade do século 20, vale lembrar a aula de outro grande nome do setor, Dr. Celso da Rocha Miranda, quando no “Curso de Seguros Para Executivos” da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, nos idos da década de 1980, ensinava que o seguro não nasceu na Inglaterra no século 18, mas na Mesopotâmia, 2000 anos antes de Cristo.

Na memorável aula inaugural do curso criado por Rafael Ribeiro do Valle, o grande segurador carioca contava como uma tábua de argila com escrita cuneiforme trazia gravado o princípio máximo que até hoje embasa a operação de seguro: a repartição dos prejuízos sofridos por um, por todos os integrantes do grupo.

No caso concreto, as regras eram aplicáveis às caravanas que ao longo do caminho iam sofrendo diferentes tipos de perdas e prejuízos, que deveriam ser compensados proporcionalmente, de acordo com a participação de cada um de seus integrantes, no final da viagem.

Anos depois, lendo sobre a história de Portugal, aprendi que as descobertas iniciadas por volta de 1430 não foram apenas a consequência da vontade do Infante D. Henrique, mas um programa iniciado por volta de 1350, quando o rei português ordenou a plantação de florestas de pinheiros e a constituição de uma companhia de seguros para repor todas as embarcações portuguesas que de uma forma ou de outra fossem perdidas.

E também descobri que na Itália renascentista várias modalidades de seguros ofereciam proteção para os diferentes tipos de negócios, inclusive financeiros, o que possibilitou o espantoso surto de progresso e cultura que iluminou o mundo com os gênios de Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, Botticelli e tantos outros.

Do Lloyds para frente a história fica mais conhecida, mas nem todo mundo sabe que o estabelecimento original era um café próximo ao cais, onde a proteção para os riscos das viagens marítimas era negociada entre os proprietários dos navios, os donos das cargas e investidores que assumiam o compromisso de indenizar os prejuízos decorrentes do fracasso da viagem contra ficar com parte dos lucros, no caso do retorno bem sucedido.

No final do século 18, após um incêndio de grandes proporções atingir Londres, os britânicos se perguntaram por que não desenvolver um modelo de proteção semelhante ao oferecido aos navios e suas cargas para fazer frente aos prejuízos decorrentes dos incêndios que com regularidade atingiam as cidades. E assim nasceu o seguro de incêndio e todas as coberturas acessórias para garantir os imóveis e seus conteúdos.

Com a industrialização, no final do século 19, Bismarck cria o seguro de acidentes do trabalho para proteger o operário alemão contra acidentes sofridos no exercício da atividade profissional.

No início do século 20 surgem os primeiros seguros de responsabilidade civil, incialmente protegendo as empresas contra danos causados a terceiros e rapidamente suplantados pelos seguros para danos a terceiros causados pelos automóveis e caminhões que invadiram o mundo.

Ao mesmo tempo, como não poderia deixar de ser, os seguros para os próprios veículos ocupam seu espaço, transformando a cadeia automotiva numa das maiores geradoras de prêmios para as companhias de seguros.

Daí em diante, o céu passou a ser o limite. Atualmente, um século depois da consolidação da sociedade automotiva, o setor de seguros oferece proteção para praticamente todos os tipos de riscos que possam ameaçar a atividade humana, causando prejuízos econômicos ou financeiros.

De seguros de garantia estendida para um liquidificador a seguros para a montagem e a desmontagem de grandes plantas industriais, usinas nucleares, óleo e gás, exploração espacial, internet, comunicações e o mais que se pensar, seguradoras, resseguradoras e corretores de seguros estão aptos a oferecer soluções interessantes, com custo/benefício compensador.

Com a pujança deste mercado garantindo o desenvolvimento social, não será uma crise como a que o Brasil atualmente atravessa que irá prejudicar o crescimento sustentável de uma atividade econômica da importância do setor de seguros.

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