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Crônicas & Artigos

em 16/01/15

Os planos de saúde sob mais pressão

Originalmente publicado no jornal Sindseg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

2015 será um ano difícil para o Brasil. Por isso mesmo, os planos de saúde privados devem sentir o aumento da pressão. As razões são fácies de enumerar, mas não são simples de serem tratadas. O resultado será o aumento dos conflitos entre consumidores e operadoras, com o encarecimento da atividade num momento em que qualquer aumento de custo pode ser catastrófico.

De acordo com um dos principais executivos do setor, o que vinha mantendo o crescimento da atividade era a chegada das empresas de médio e pequeno porte, que nos últimos anos, em função da situação econômica favorável, passaram a oferecer planos de saúde privados para seus funcionários. Com a deterioração da economia este quadro deve mudar. Não é sequer uma questão de querer ou não querer, o problema é como continuar custeando o benefício em quadra de dinheiro curto.

Todo mundo sabe que a inflação ficará no limite da meta, que os juros subirão ainda mais, que o crédito sofrerá arrocho, que o desemprego vai aumentar, que os impostos vão subir, que os custos de serviços públicos também devem subir e que a demanda, de todos os tipos, deve cair. Ou seja, é cenário de filme de terror.

Recente matéria publicada pelo “O Estado de S. Paulo” dá conta do aumento expressivo do número de ações para obrigar o SUS a custear tratamentos, cirurgias e medicamentos fora do rol de atendimento. Esta realidade faz parte também do dia a dia dos planos de saúde privados. E se ela é dramática na rede pública, fica mais dramática ainda na rede privada que não tem de onde retirar mais recursos, nem pode atrasar compromissos, como o governo sistematicamente faz.

Faz tempo que os planos de saúde privados estão sofrendo em função do desequilíbrio de suas contas. Os aumentos são limitados, mas as despesas, em boa parte das vezes com respaldo da justiça, têm subido de forma constante. Não há negócio que resista a esta matemática. Se as despesas crescem mais do que as receitas, em algum momento não haverá caixa para fazer frente aos compromissos.

Isso tem ocorrido regularmente, afetando a capacidade operacional de alguns planos de saúde que, como única alternativa, postergam o atendimento, jogando para o mês seguinte procedimentos que deveriam ser feitos imediatamente.

Não é bonito, não é confortável, nem é ético com o consumidor ou com os prestadores de serviços. Mas quando não há dinheiro, não há o que fazer. Os números dos últimos balanços de várias operadoras não deixam margem para dúvidas: o resultado do negócio, hoje, está longe de ser bom para muitas delas.

E com a economia em processo de deterioração este cenário deve ficar pior. O desemprego, o aumento dos custos, a perda de capacidade de compra da moeda levará ao aumento do cancelamento dos planos e da inadimplência no pagamento das mensalidades.

De outro lado, os usuários devem manter a demanda pelos serviços, que também devem continuar subindo de preço, entre outras causas porque a medicina moderna, em função dos custos de medicamentos e equipamentos, fica cada vez mais cara.

Há muito pouco que os planos de saúde privados possam fazer para fugir deste cenário. As forças negativas que os atingem na maioria das vezes não dependem deles. A lei que os baliza é ruim e a realidade é dura. Além disso, não são convidados para participar da formulação das políticas para a saúde pública. O governo faz e desfaz como quer, cabendo aos planos dançar conforme a música e tentar se proteger das consequências da falta de dinheiro público para custear a saúde.

Não há mágica, nem solução heterodoxa para ser aplicada para mudar o quadro. Será um ano duro para todos e por isso mesmo um ano ainda mais duro para as operadoras de planos de saúde privadas.

Em época de crise a única coisa a fazer é tentar evitar surpresas ou situações desconhecidas. Em mar bravo e com vento contra, navegar com pouco pano ainda é a melhor solução.

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