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Crônicas & Artigos

em 16/06/23

Os incêndios no Canadá são só um aviso

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

A bola da vez agora é o Canadá. Os incêndios florestais que atingiram o país levantaram nuvens de fumaça tão grandes que cobriram cidades como Nova Iorque e Filadélfia, nos Estados Unidos, e depois cruzaram o Oceano Atlântico, chegando na Europa. Nada de novo debaixo do céu. As mudanças climáticas estão mostrando cada vez com mais força que vieram para ficar e, além de ameaçar a vida do ser humano, custarão, de acordo com estimativas recentes, oitenta trilhões de dólares ao longo do século, sendo que apenas até 2030 a conta deve chegar nos três trilhões de dólares.

Não tem mais como adiar o enfrentamento do problema. E a tarefa não é para uma nação, mas para todas, porque, de uma forma ou de outra, todas serão direta e indiretamente afetadas, com milhares de mortes e custos estratosféricos para complicar suas rotinas.

O derretimento do gelo de verão no Oceano Ártico é mais do que uma ameaça aos ursos polares. É um recado claro de que as mudanças estão se dando num ritmo rápido, que terão impacto dramático na vida sobre a terra. O derretimento do gelo do Oceano Ártico não deve mudar o nível dos oceanos, mas o derretimento de geleiras em todo o planeta terá esse efeito e milhares de cidades à beira mar serão pelo menos parcialmente submersas.

Os incêndios que atingem o Canadá são mais um na longa sequência que há mais de vinte anos vem ganhando intensidade e devasta áreas cada vez maiores em países tão díspares como Grécia, Estados Unidos, Espanha, Portugal, Brasil, Chile, Rússia e outros. 

As perdas diretas decorrentes dos incêndios estão na casa das centenas de bilhões de dólares e as perdas indiretas devem se aproximar desse número rapidamente. Vale lembrar que, com os incêndios, é comum entrarem em cena longas estiagens, enquanto outras áreas são castigadas por furacões, tufões, tempestades e inundações.

As previsões mais atuais esperam uma longa demonstração de força do “El Niño”. O fenômeno deve causar danos ao redor do planeta e o Brasil deverá ser atingido duramente, com aumento de temperatura, secas e chuvas torrenciais, dependendo da região.

O cenário leva preocupação para o agronegócio, principal responsável pelos bons números recentemente apresentados pela nossa economia. Secas e chuvas torrenciais são tudo o que ele não precisa e, se acontecerem, comprometerão os resultados brasileiros.

Mas, mais grave do que isso, temos diante de nós a possibilidade real de se repetirem catástrofes como as decorrentes das chuvas que atingiram o litoral norte paulista no verão de 2023. As recentes chuvas fora de hora que voltaram a atingir São Sebastião são um aviso que não pode ser desconsiderado.

O cenário é pesado e fica mais grave quando sabemos que o Brasil não tem cobertura de seguro para fazer frente aos prejuízos possíveis. Ainda que o Brasil estivesse entre as nações mais seguradas, as seguradoras têm um limite máximo de capacidade para cobrir danos. E o que temos pela frente ultrapassa muito essa capacidade. A conta vai cair em cima da sociedade e a tendência é que aumente ano a ano.

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