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Crônicas & Artigos

em 07/12/15

Olhada geral

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

Diante dos gravíssimos fatos que aconteceram nos últimos dias, não há como deixar de analisar o atual momento brasileiro e o que pode acontecer no futuro imediato, ainda que encoberto pela nuvem da incerteza.

A abertura do processo de impeachment da Presidente da República é ato de seriedade incontestável e, por conta da crise brasileira, neste momento, não tem norte definido. Quer dizer, ninguém sabe o que pode acontecer com ela, mas, de outro lado, todos podem prever uma piora acentuada dos parâmetros econômicos, pelo menos enquanto durar o processo.

Ainda que os indicadores econômicos dos últimos dias apresentando números positivos em função da apertura do processo, isto não significa que a economia irá melhorar nos próximos meses. Ao contrário, é de se esperar uma estagnação ainda maior, porque não há como imaginar a votação de medidas de natureza econômica, destinadas a recolocar o país nos trilhos, enquanto estiver em andamento o processo político contra ela.

Para não falar no processo que pode cassar o mandato do Presidente da Câmara dos Deputados, acusado de mentir e, consequentemente, quebrar o decoro parlamentar. Vale salientar que as provas contra o deputado Eduardo Cunha são avassaladoras e não prometem nada de bom para ele.

Como S. Exa. é inteligente, obstinado, preparado e altamente competente no manejo do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, este processo pode demorar até mais do que o impeachment da Presidente e isso não traz nada de positivo para o país.

Ao contrário, um ano que já tinha tudo para ser muito pior do que 2015 recebe o aporte de sólidos ingredientes para ficar pior ainda. 2015 foi um ano perdido. Se falou, discutiu, a oposição não fez oposição, o Governo sofreu nas mãos dos aliados e as ações concretas contra a crise ficaram a ver navios, esperando sabe Deus o quê para serem levadas a sério.

A pregação do Ministro Joaquim Levy lembrou a voz dos profetas bíblicos, invariavelmente desprestigiados até a intervenção divina, com pragas e tragédias para mostrar o certo através do sofrimento do povo.

Nós vamos pelo mesmo caminho. Desemprego na casa dos 12% deixou de ser miragem de maluco. Está logo aí, podendo acontecer ainda no primeiro semestre do ano novo. A indústria cai em percentuais que há muito tempo não se via. Serviços e comércio, em vez de contratarem intensamente, como é regra no final do ano, estão comedidos, buscando apenas o essencial para girarem, mesmo no período de festas.

Isto tudo já estava mapeado antes do início do processo de impeachment da Presidente da República e do processo de cassação do Presidente da Câmara dos Deputados. Com a entrada em cena destes fatos novos, o quadro tem tudo para se deteriorar mais, ainda que ninguém sabendo, hoje, o que efetivamente pode acontecer.

A sorte da nação é que estamos em período de festas e férias e isso inibe um pouco o tamanho do desastre. Tem menos gente trabalhando, alunos sem aulas, donas de casa fora das rotinas normais.

Mas se isto disfarça a quadra ruim, debaixo do tapete a crise segue em frente e vai fazer vítimas em todos os setores, independentemente de terem ou não terem culpa.

O setor de seguros, como muito bem pontuado pelo Presidente em Exercício da CNSeg, Jayme Garfinkel, tem a característica de ser o último a entrar nas crises e também de ser o último a sair delas.

Ainda que apresentando números positivos, se descontarmos a inflação, veremos que o setor já foi atingido. Aliás, nenhum executivo do mercado, em off, está otimista com o ano que vem e muitos já confirmam que 2015 está longe de ter sido um bom ano para suas companhias.

A intenção deste artigo não é fazer terrorismo, nem criar pânico, nem ser dramático. Ao contrário, o que nos move é a certeza, fruto da experiência, de que a melhor forma de se enfrentar alguma coisa é saber o que vem pela frente. Quem fizer um desenho muito diferente do que está escrito acima estará colocando seu planejamento sobre areia movediça.

Mais do que nunca, é hora de cautela, porque, como diz o caipira, cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

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