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Crônicas & Artigos

em 18/07/22

Novos parâmetros para o seguro de veículos

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

A revolução não é tão recente, já faz alguns anos que o setor de veículos está mudando radicalmente. O primeiro ponto que precisa ser elencado, porque é dele que vem o maior impacto, é que “ter um carro” deixou de ser o sonho de consumo da juventude.

Durante décadas, os jovens chegavam aos 18 anos sonhando com seu carro. Novo ou usado, o importante era ter um carro e, se possível, incrementá-lo, instalando toda sorte de acessórios para torná-lo exclusivo, mais potente, ou seja lá o que for, desde que se destacasse na multidão.

E o seguro acompanhava a onda. Como ouvi certa vez da acionista controladora de uma das maiores seguradoras da época, “o brasileiro prefere fazer o seguro da máquina que lhe tira a vida (automóvel) do que da própria vida”. Pasme, mas a carteira de seguros de veículos já foi maior e mais importante do que os seguros de vida. E até hoje, dependendo da análise, ainda que não tendo a folga do passado, ele segue em primeiro lugar.

Do começo do século para cá, o automóvel perdeu o status, não é mais o diferencial que dava relevo ao cidadão. Hoje, ter ou não ter um automóvel é a mesma coisa ou, dependendo de quem, não ter é mais legal.

Isso levou ao surgimento de outras formas de uso do carro. A primeira foi a da carona institucional. Se alguém vai para o trabalho por uma determinada rota, por que ele não pode dar carona para outras pessoas que seguem o mesmo trajeto?

Depois vieram os veículos compartilhados. Se eu não uso o carro o dia inteiro, por que não posso compartilhá-lo e só usar quando eu preciso? Vieram os veículos de aplicativos e a crise acirrou o seu uso, aumentado as frotas com veículos locados.

Esse é o enorme desafio que as seguradoras têm à frente. Como reinventar o seguro de veículos para atender as novas necessidades da sociedade? O seguro tradicional não serve mais, é caro, não cobre o que o segurado quer, não tem flexibilidade.

Além disso, no mundo novo, quem é o segurado? Se o veículo é compartilhado, como fazer o cálculo do prêmio se a seguradora não sabe o perfil de quem vai dirigir? Aliás, para dificultar o trabalho, além de não saber quem é o motorista, a seguradora também não sabe quanto tempo cada motorista dirigirá o automóvel, por onde ele vai rodar e onde vai estacioná-lo.

Como se não bastasse, para os próximos anos está prevista a mudança radical do perfil dos veículos, saltando de combustíveis fósseis para outros mais limpos que terão impacto sobre o preço de compra, reparos e manutenção. Para completar, os veículos sem motorista estão cada vez mais próximos.

É um universo completamente diferente do mundo em que as seguradoras giraram nos últimos noventa anos. Problemas e soluções éticas, econômicas, de produção e responsabilidades foram completamente subvertidos. O que valia não vale mais. É um momento de desafios, ou seja, é um momento de oportunidades.

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