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Crônicas & Artigos

em 10/04/15

Notícia boa tem que ser comemorada

Originalmente publicado no jornal Sindseg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

Em meio à maré de notícias ruins que todos os dias ataca a paciência dos brasileiros, as notícias boas – que também existem – mal e mal conseguem um lugarzinho para aparecer. É como se não existissem, como se não fosse possível contrapor aos desmandos, que vão aparecendo em todos os setores, ações corretas, com resultados positivos para a sociedade e para a imagem do país.

Entre as notícias mais importantes dos últimos tempos está a queda do número de roubos de veículos no Estado de São Paulo. De acordo com as próprias seguradoras, houve, nos últimos meses, uma redução de 15% no número de carros roubados e furtados em comparação com o período anterior e essa tendência tem se mantido constante.

Este resultado não caiu do céu porque Deus torce para o PSDB na luta pelo comando político do Brasil. A razão dele é uma lei, em vigor desde o ano passado, que regulamenta a operação dos desmanches de veículos, criando regras e controles que inibem atividades ilegais praticadas por estes estabelecimentos.

Durante décadas os desmanches estiveram na linha de frente do roubo e furto de veículos. Um dos três canais que faziam estas modalidades de crimes crescerem em patamares assustadores. Em conjunto com o tráfico de drogas e o roubo para uso do carro em outros tipos de crimes, os desmanches tinham papel fundamental no destino de dezenas de milhares de veículos que todos os anos desapareciam de circulação, desmontados e com as várias partes revendidas para o mercado de reposição de peças.

A lei estadual de controle da operação dos desmanches – que desde o projeto teve o mais sólido apoio do setor de seguros – modificou completamente a realidade. Com as novas regras que basicamente rastreiam as peças desmontadas e comercializadas por este gênero de comércio, não há muito espaço para se trabalhar com veículos roubados ou furtados. Como os controles são eficientes, se um desmanche insistir na operação ilegal, corre o risco de ser rapidamente identificado, com todas as consequências jurídicas para seus proprietários.

Com uma parte do mercado receptador fechada, a bandidagem, especialmente, o crime organizado, viu a demanda pelos seus produtos cair, notícia que a sociedade comemora e agradece penhorada.
Em pouco tempo o quadro deve ficar melhor ainda. O Congresso Nacional votou uma lei semelhante à lei dos desmanches paulista e, quando estiver implementada, o número de carros roubados em todo o território nacional deve apresentar rapidamente uma queda expressiva, quem sabe tão positiva quanto os números de São Paulo.

Com os desmanches controlados, além da queda no número de veículos roubados e furtados, o Brasil deve assistir rapidamente a uma série de outros desdobramentos importantes para o setor de seguros, que, no final, terão o condão de reduzir o preço das apólices e aumentar o percentual da frota segurada.

A operação legalizada dos desmanches abre caminho para o uso de peças usadas na reposição e conserto dos veículos sinistrados.

Atualmente, os proprietários de veículos com 5 anos ou mais começam a não fazer seguro porque o custo das peças de reposição tornam o custo/benefício da contratação desinteressante.

Com a chegada das peças com origem comercializadas pelos desmanches e as peças similares às originais, as oficinas de reparos passam a contar com alternativas muito mais baratas, o que viabiliza a comercialização de seguros mais em conta, com o preço puxado para baixo pela queda do número dos roubos e furtos, pelos custos de reparos suportáveis mesmo em veículos mais velhos e pelo consequente aumento da frota segurada.

É pena que o sucesso da lei dos desmanches paulista não tenha o mesmo espaço que as notícias sobre a Petrobrás, a Receita Federal e outros escândalos que desmoralizam o país.

Com certeza apenas ela não é capaz de reverter a imagem negativa que o Brasil tem hoje diante da comunidade internacional. Mas seria um importante indicador de que o país tem jeito porque ainda temos gente séria disposta a fazer desta terra um lugar mais justo e melhor para se viver.

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