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Crônicas & Artigos

em 17/03/14

Lugar para o corretor de seguros

Originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo
por Antonio Penteado Mendonça

Ao longo dos últimos anos o setor de seguros vem passando por profundas mudanças, que devem afetar todos os envolvidos. Não tem como não ser assim. Quem se lembrar do setor há 20 anos, verá um novo cenário, com players, produtos e faturamento completamente diferentes.

Por que 20 anos? Porque foi quando o Plano Real entrou em vigor, permitindo a atividade um dos mais rápidos e consistentes crescimentos entre os vários setores econômicos. Graças à estabilidade da moeda, a demanda reprimida por seguros, planos de saúde privados e previdência complementar explodiu, fazendo com que as empresas se reposicionassem, tanto no que tange a produtos, como aos seus acionistas.

Várias seguradoras tradicionais tiveram o controle transferido para grupos internacionais, outras foram incorporadas pelas seguradoras ligadas a conglomerados financeiros, outras permaneceram independentes e novas empresas surgiram, na expectativa de atender a demanda crescente por produtos de todos os tipos.

A abertura do resseguro trouxe algumas das maiores companhias para o país. Para o bem e para o mal. Sim, porque para quem imaginou que o final do monopólio do IRB seria a panaceia do mercado, os chamados riscos declináveis foram um banho de água fria e o fato real é que eles estão aí e várias empresas acostumadas a contratar seus seguros sem maiores problemas estão sem cobertura há algum tempo. O lado bom é que novos clausulados sofisticaram as garantias e aperfeiçoaram as apólices.

Os capítulos referentes aos planos de saúde privados e à previdência complementar comportariam uma longa análise altamente positiva, mas, como o artigo pretende discutir a realidade do corretor de seguros, não seria oportuno fazê-la agora.

Ao mesmo tempo em que a estabilidade econômica possibilitou ao setor de seguros nacional crescer significativamente, as novas tecnologias desenvolvidas no período modificaram radicalmente o mundo. Essa revolução é ainda mais profunda na área das comunicações, fazendo que os contatos se deem em tempo real, bastando para isso um computador ou um mero telefone celular.

Isso abriu uma avenida, que só começa a ser percorrida, mas que já mostra um potencial absolutamente inimaginável poucos anos atrás. Da comunicação pessoal aos negócios, a velocidade e o custo das novas ferramentas viraram de cabeça para baixo tudo que era feito pelas pessoas e pelas empresas. E, como não poderia deixar de ser, transformaram, e estão transformando, as áreas comerciais de todos os setores econômicos.

Neste novo cenário, muito se tem dito a respeito do corretor de seguros. Antes de tudo, é necessário se ter claro que a comercialização de seguros no Brasil, pelas particularidades legais e operacionais do país, é diferente do que acontece em boa parte do mundo.

Aqui a distribuição se dá sempre através do corretor de seguros, uma vez que tanto o agente de seguros como a venda direta são escondidos atrás de uma fachada legal, representada por uma corretora de seguros formalmente registrada.

Levando-se em conta a possibilidade da diferenciação de cada uma das formas de comercialização, fica evidente que o corretor de seguros profissional, que se equipara aos corretores de seguros dos países onde as diferenças são claras, não é a maioria do mercado. Pelo contrário, a maioria dos profissionais, sem nenhum demérito para eles, pela forma de atuação, seria considerada agente de seguros.

O ideal seria que a legislação pátria tratasse de forma diferente quem atua de forma diferente, mas, para o bom corretor, tanto faz se isso vai acontecer ou não.

Cada vez mais ele será procurado por segurados interessados numa boa proteção para seus riscos. Com certeza os produtos que ele trabalha mudarão de perfil.

Em vez de focar principalmente nos seguros de veículos, o corretor profissional atuará cada vez mais em riscos sofisticados. Isso é mais do que suficiente para afirmar que, entre mortos e feridos, o corretor de seguros profissional não precisa temer o futuro. Seu lugar, em função de sua competência, está mais do que assegurado.

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