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Crônicas & Artigos

em 27/04/20

Em franca subida

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

Sem entrar nas questões políticas e de vaidades envolvidas na pandemia do coronavírus, não é preciso ser infectologista ou gestor de saúde pública para se ter claro que a pandemia está crescendo e atingindo picos preocupantes.

Preocupantes por duas razões. A primeira é a quantidade de mortes, cada dia mais elevada, causadas por ela. E a segunda é o esgotamento da capacidade de internação hospitalar da rede de saúde brasileira.

Uma das características mais graves da Covid19 é a alta taxa de ocupação das unidades de terapia intensiva. Quase metade das pessoas hospitalizadas é encaminhada para as UTI’s. Destas, um número expressivo morre, num processo invariavelmente curto, e os que sobrevivem ficam internados por um período mínimo de duas semanas, às vezes até mais. Quer dizer, não há rotatividade dos leitos para atender outras pessoas infectadas.

E o número de leitos de UTI existentes no Brasil com certeza não tem capacidade para dar conta da pandemia, especialmente a partir deste momento, quando a quantidade de pessoas infectadas pelo coronavírus começa a subir em ritmo intenso e cada vez mais rápido.

O Brasil demorou para se dar conta de que não estávamos diante de uma “gripinha”. O quadro era muito sério, mas, por razões que não cabem ser analisadas aqui, demoramos para agir e o resultado é que estamos correndo contra o tempo, atrás do básico para fazer frente ao quadro assustador de uma pandemia que no início foi considerada de baixa letalidade, mas que pegou o mundo de surpresa e se consolidou, com taxa de mortalidade muito mais alta do que as demais epidemias do século 21.

É difícil dimensionar qual será o resultado da pandemia do coronavírus no território nacional. Temos potencial para nos igualarmos aos países onde os danos foram devastadores. Temos uma população de mais de duzentos milhões de habitantes, com praticamente metade dela sem saneamento básico. As favelas das grandes cidades, pelas próprias características das construções, são ambientes propícios à propagação do vírus. A maioria dos estados não tem rede hospitalar minimamente aparelhada para fazer frente a um pequeno surto, imagine enfrentar uma pandemia com a capacidade de propagação da que estamos vivendo.

Na melhor das hipóteses, o cenário é dramático. E parte da culpa é dos que não levaram as medidas de isolamento social a sério. Em média, as consequências das ações positivas e negativas em relação ao coronavírus aparecem duas semanas depois. Nós estamos no prazo para os resultados do afrouxamento da quarentena cobrarem sua conta. E ela será alta.

O resultado direto é a superlotação da rede de atendimento, um número alto de mortes e a impossibilidade de se fazer muita coisa para mudar o quadro. O resultado indireto, pelas análises do FMI, será a maior recessão da história do país, com algumas previsões falando em mais de doze milhões de desempregados engrossando o bloco dos doze milhões que perderam o emprego na recessão causada pelos governos do PT.

Não tem como dizer que para o setor de seguros não vai ser tão ruim assim. As operadoras de planos de saúde privados já estão pagando uma conta muito mais alta do que a feita no momento da precificação de seus produtos. E ainda que o impacto sobre a sinistralidade dos seguros de vida não seja igual, não há como não considerar a perda de faturamento do setor.

Os planos de previdência complementar terão uma redução no ingresso dos investimentos, ao mesmo tempo que sofrerão com os saques dos valores já depositados. Os planos de saúde privados, em função do desemprego, terão queda no número de segurados. A mesma regra vale para os seguros de vida. E os demais ramos verão seus prêmios encolherem porque, com a crise, despesas como alimentação, moradia e educação virão antes da contratação de seguros.

2020 será um ano muito complicado, com consequências dramáticas para a vida, a saúde e o bem estar da população mundial. É tolice imaginar que o Brasil vai ficar de fora. Os estragos causados pelo coronavírus vão nos pegar de frente.

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