Penteado Mendonça Advocacia

Herdeiro de uma tradição jurídica iniciada em 1860.

PT | EN

Insira abaixo seu e-mail caso deseje fazer parte do nosso mailing:

Estamos à disposição: contato@pmec.com.br 11 38779.9700

Crônicas & Artigos

em 23/05/14

Como ficam os corretores?

Originalmente publicado no jornal Sindseg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

A eleição de uma nova diretoria para o Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo é um bom gancho para analisar a situação deste profissional, neste momento da vida brasileira.

O cenário é nebuloso, ninguém sabe muito bem tudo o que pode acontecer, mas algumas certezas são suficientes para sinalizar dificuldade na economia e no crescimento do país.

A fé no consumo interno parece que não move mais montanhas, os investimentos em máquinas e equipamentos estão praticamente zerados, a inflação está em alta, a venda de carros novos caiu, indústrias dão férias coletivas, o crescimento será muito baixo, etc.

Essas notícias são barbadas. Não tem como dar errado. Isso faz com que o setor de seguros reavalie suas projeções iniciais e, agora, ninguém mais fala em crescimento de dois dígitos. Pelo contrário, os executivos começam a falar em rever metas, condições comerciais e despesas administrativas. Ou seja, chegou a hora de apertar o cinto.

Tem quem diga que as comissões pagas aos corretores brasileiros são as mais altas do mundo. Tem quem discorde. Tanto faz, o ponto não é esse. A questão que se coloca é como as seguradoras vão lidar com a queda de rentabilidade, numa hora em que o brasileiro, assustado com as visitas aos supermercados, começa a pensar em fazer economia. Será que dá para aumentar o preço dos seguros? Será que a concorrência permite uma ação isolada desta natureza? As seguradoras têm margem para cortar em seus resultados?

Estas perguntas têm uma única resposta: não. Não dá para aumentar o preço e não dá para as seguradoras cortarem seus resultados. Então, a consequência lógica é mexer nas despesas comerciais, reduzindo o comissionamento atualmente pago. Mas será que o corretor de seguros permitirá isso?

Para entender o quadro é necessário abrir a comercialização de seguros no Brasil. Em princípio, o seguro brasileiro é vendido através de corretores de seguros. Mas, se todos se chamam corretores de seguros, nem todos são efetivamente corretores de seguros no sentido em que este profissional é reconhecido nos países desenvolvidos.

Como a lei brasileira não criou a figura do agente de seguros e determina que o pagamento das comissões de corretagem só pode ser feito para corretor devidamente habilitado, além dos corretores de verdade e dos agentes camuflados, foi criada uma gama de empresas que comercializam seguros através de uma hipotética corretora de seguros, devidamente registrada, que, na prática, é apenas um canal de venda.

Feitas estas considerações, é possível dizer que o corretor de seguros profissional deve tocar sua vida sem maiores problemas. Evidentemente, ele pode ter que negociar alguma coisa com as seguradoras com as quais ele opera, mas, no médio prazo, seu lugar no mercado está garantindo e consolidado.

As empresas com outro objetivo social, que comercializam seguros através de uma corretora cativa montada para isso, também não devem ser abaladas pela crise. Como o seguro não é seu negócio principal, elas podem abrir mão de uma parte da receita até que o cenário melhore.

A grande questão é como ficam os corretores de seguros pequenos. Os chamados corretores de pastinha. Para eles, ainda que não houvesse dificuldades econômicas, o cenário não seria bom. As seguradoras mudaram de patamar e uma pessoa com uma produção de alguns carros por mês não tem vez nem para ser bem atendido, quanto mais para fazer um pleito especial.

E a regra vale para a definição das condições comerciais e para a regulação dos sinistros. Sozinhos, estes profissionais, por mais competentes que sejam, começam a ficar sem espaço.

A solução para eles é se juntarem, formando uma massa de prêmio suficiente para interessar uma seguradora, ou atuarem através de uma das várias estruturas formadas exatamente para dar o suporte técnico necessário para que estes profissionais possam fazer o que sabem: vender seguros.

Voltar à listagem