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Crônicas & Artigos

em 17/01/14

As chuvas chegaram

Originalmente publicado no jornal Sindseg SP
por Antonio Penteado Mendonça

As tempestades estão aí. Nada de novo, faz parte do ciclo das estações que de uma forma ou de outra interferem na vida de milhões de brasileiros. As chuvas vão de um lado ao outro, com a sem cerimônia de quem sabe que tanto faz o que nós achamos ou deixamos de achar. Se fertilizam a terra e permitem ao Brasil ser um dos grande produtores de grãos do mundo, também destroem, com força avassaladora, especialmente nos meses de verão.

E nós estamos no verão. Ainda que com um tempo estranho, o verão bate à nossa porta, prometendo calor, sol, praia e muita chuva. Chuva de todos os tipos e intensidades, como já deu para ver nas primeiras tempestades de granizo que castigaram o sul do país.

O duro é que isso é só o começo. Até março o quadro se agrava e muito. A incerteza é apenas quanto às regiões que este ano serão mais afetadas. É a aleatoriedade que permite às seguradoras assumirem riscos graves, como são os danos decorrentes das catástrofes naturais. Na medida em que não acontecem todos os anos nas mesmas regiões, é possível, desde que se crie um mútuo para isso, segurar boa parte desses riscos, permitindo que em caso de sinistro, as pessoas atingidas refaçam seus patrimônios sem necessidade de se descapitalizarem ainda mais.

Por exemplo, até agora os estados mais atingidos foram Espirito Santo e Minas Gerais, quer dizer, se os seguros estivessem disseminados pelo país, como acontece nos Estados Unidos e na Europa, o mutualismo estaria funcionando para proteger a seguradora, já que haveria pagamento de prêmio para este tipo de risco em praticamente todos os estados, mas apenas dois estariam sendo castigados com mais intensidade, ou seja, gerando indenizações em função dos danos causados pelas chuvas.
As seguradoras alemãs pagaram recentemente algo próximo de 3 bilhões de euros em função de inundações que atingiram o país no verão passado. Perguntadas se o valor não era alto, responderam que não, já que pagam 50 bilhões de euros por ano em função de eventos de origem climática cobertos por suas apólices.
50 bilhões de euros são mais ou menos 150 bilhões de reais. É número de gente grande, e, todavia, não afeta as seguradoras europeias. Isso é consequência das tipicidades da operação de seguro, entra as quais merece destaque a contratação de resseguros que pulverizam os riscos entre centenas de companhias espalhadas pelo mundo.

Lamentavelmente, o Brasil ainda não faz parte do rol de nações com forte contratação de proteção contra danos de origem climática por parte da população. Ao contrário, poucas pessoas sabem que existem garantias para este tipo de dano e menos ainda se interessam em contratá-las, ainda que colocadas à disposição em praticamente todos os pacotes de seguros residências e empresariais.
Isso significa que ao contrário do que aconteceu na Alemanha quem vai responder pelas perdas causadas pelas chuvas será a vítima da catástrofe. Ela não terá para quem transferir a obrigação de pagar seus prejuízos e o governo, se ajudar, o fará tarde e em montante muito abaixo do prejuízo real de cada família.

Isso faz toda a diferença. Ao sofrer um prejuízo econômico e transferir a obrigação de indenizar para uma seguradora, o cidadão está garantindo a reposição do seu patrimônio, ao mesmo tempo em que preserva seus recursos para novos investimentos capazes de lhe gerar renda. Quando a pessoa não tem seguro é ela quem fica com a obrigação de repor o patrimônio afetado. E para fazer isso ela é obrigada a desviar recursos que poderiam ser investidos em novas fontes de renda.

Assim, enquanto o europeu tem a garantia do seguro, o brasileiro conta no máximo com o auxílio do governo. A população que já precisou dele sabe o que isso significa.
Diante do nosso estágio de desenvolvimento social é mais do que tempo desta realidade mudar

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