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Crônicas & Artigos

em 07/07/14

20 anos de Plano Real

Originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo
por Antonio Penteado Mendonça

O Plano Real completa 20 anos. Graças a ele o Brasil reencontrou seu norte e ao longo do tempo reconquistou o respeito do mundo, como uma nação séria, com inflação estabilizada, metas de crescimento e desenvolvimento social e firme proposta de mudar de patamar dentro do concerto das nações.

Foram 20 anos que mudaram a cara da nação. Graças ao Plano Real as políticas sociais implantadas, primeiro pelo PSDB e, depois, pelo PT, tiveram sucesso e hoje servem de modelo para muito que vai sendo feito em outros países. Graças a elas milhões de pessoas deixaram a miséria absoluta, outros milhões entraram na classe média. Nada disso teria acontecido se o Plano Real não tivesse dado certo.

Nos últimos anos a política econômica do Governo Federal deixou de lado alguns dos pressupostos que criaram as bases para o sucesso do país. Relaxaram os controles das despesas públicas, a inflação está permanentemente acima do centro da meta e a produtividade é muito baixa. O resultado do novo cenário é o Brasil estar entre as nações emergentes com menor taxa de crescimento. Além disso, a população sente no bolso o aumento do custo de vida, que só não é maior porque o governo tem se valido de truques como o congelamento dos preços administrados. Mas se para efeitos políticos a maquiagem tem surtido efeito, no bolso da população ela pega pesado, o que se reflete nos índices de aprovação do governo.

Ainda que num momento delicado, às vésperas de uma eleição complicada, a verdade é que as ameaças que pairam sobre a nação, pelo menos no curto prazo, não são vagamente comparáveis à situação vivida antes da implantação do Plano Real.

E isso é muito bom para todos, mas especialmente para o setor de seguros. Se a inflação em alta é ruim para o país, ela é particularmente perversa para a população de baixa renda e para os setores econômicos que dependem da geração de poupança.

O grande drama da inflação alta é que ela corrói o valor da moeda, impedindo a formação ou a manutenção da poupança interna. O setor de seguros depende essencialmente da constituição de programas de poupança. Toda a atividade se apoia em fundos com finalidades específicas, estabelecidas para a sua constituição. É o chamado mutualismo, no qual a participação proporcional de cada um permite o suporte das necessidades de alguns, atingidos por eventos pré-definidos que lhes causam perdas.

Além disso, a inflação impede a viabilização dos planos de previdência privada, já que, como investimentos de longo prazo, eles não conseguem remunerar o investidor, na medida em que o capital é corroído pelo processo.

Se há um setor econômico que pode ser usado como exemplo do sucesso do Plano Real é o de seguros. Em 1994 ele representava menos de 1% do PIB. Atualmente se aproxima dos 7%. E teve, ao longo destes 20 anos, um crescimento sólido, consistente e sempre acima dos patamares nacionais.

A causa do sucesso tem nome: estabilidade econômica. Graças ao Real as demandas reprimidas por segurança, saúde e previdência foram rapidamente equacionadas pelo setor, que lançou produtos modernos, eficientes e de acordo com as necessidades e capacidade de custeio da população.

Do salto de um seguro de automóveis sem sofisticação para os produtos atuais, como os planos de previdência privada, os seguros para a população de baixa renda, os serviços acoplados às apólices, a realidade do setor de seguros mudou da água para o vinho.

E a proteção da sociedade também. Hoje parte do patrimônio nacional tem algum tipo de proteção de seguro. Da mesma forma, a maioria da população também tem algum tipo de seguro, ainda que de vida em grupo ou um plano básico de saúde privado.

Há muito a ser feito. Apenas 20% da frota de veículos é segurada. Mais de 15 milhões de residências não têm seguros. ¾ da população não tem acesso à assistência privada à saúde. Para que esta massa seja atendida é fundamental que os pressupostos do Plano Real sejam mantidos. Com inflação alta e crescimento baixo não há como o setor de seguros ter sucesso.

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