Ética faz parte do negócio
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
A sociedade não se mantém se não tiver padrões éticos e morais sobre os quais construir sua base. Muito embora ética e moral cheguem a ser confundidas, não são exatamente a mesma coisa, o que faz com que a “dança” da sociedade seja única em cada nação ou mesmo numa determinada região.
O mundo passa por um momento de esgarçamento dos padrões morais vigentes nos últimos cento e cinquenta anos. Pilares tidos como indestrutíveis tremem em seus alicerces, enquanto a rapidez das mudanças sociais decorrentes do uso cada vez mais intenso da internet assusta e, ao mesmo tempo, impede o surgimento ou a revisão dos parâmetros que valiam até ontem, mas que não valem mais hoje e estarão velhos amanhã.
Sem entrar na discussão de ser bom ou não ser bom, até porque ela é inútil diante da realidade de uma sociedade em mutação acelerada, cujos padrões éticos, na cola do esgarçamento da moral, também começam a não ter sentido.
Os rijos cânones vitorianos que começaram a ser atacados depois de meados da década de 1950 foram derrubados, mas ainda não foram substituídos. Então, o que temos hoje é um “vale tudo” que permeia a sociedade, a família, os negócios e as relações humanas. Quem sabe o que é certo? Quem sabe o que é errado? Até que ponto a liberdade individual pode justificar tudo, ao mesmo tempo que o direito à privacidade desaparece, devorado pelas redes sociais?
Há uma interrelação cada vez maior entre negócios honestos e negócios não tão honestos. O dinheiro se transformou no padrão de avaliação do sucesso. Mas o dinheiro não é um fim, é um meio para se chegar a vários fins e as formas de ganhá-lo estão bastante elásticas, ultrapassando a linha do ilegal – compensa correr o risco, desde que não se seja descoberto. E mesmo que o seja, as consequências podem ser bastante minoradas com a contratação de bons advogados.
É aqui que cabe fazer uma ressalva importante para avaliar procedimentos empresariais nos dias que correm. Ainda que o mundo seja massacrado por discursos bombásticos, dando conta de como o respeito aos padrões morais é cada vez mais a base do comportamento de grandes conglomerados, na realidade o que se vê é um jogo pesado, onde levar vantagem praticamente a qualquer preço passou a ser sinônimo de sucesso. Nesse ambiente, encontrar empresas que não respeitam os padrões éticos fundamentais para o funcionamento adequado e honesto da sociedade é cada vez mais comum. É só prestar atenção na quantidade de processos, acordos e pagamentos de multas bilionárias envolvendo corporações de todos os setores para não se ter dúvida.
Entre as atividades que seguem a cartilha do bom funcionamento, o mercado segurador aparece com destaque. Não há grandes problemas manchando a atividade internacionalmente e não há nenhuma marola, por menor que seja, afetando a imagem do seguro no Brasil. Ao contrário, o crescimento acima da média nacional de uma atividade que depende inteiramente da confiança e da boa fé das partes reforça a certeza de que o setor segue funcionando dentro de padrões éticos sólidos, que garantem a sua operacionalidade e o cumprimento das obrigações contratuais, expressas em conceitos previstos em contratos de realização futura, que são honrados em mais de 96% dos casos.
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