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Crônicas & Artigos

em 19/09/17

Os ipês brancos

Por alguma razão que a nossa razão desconhece, Deus, quando criou os ipês, não os fez iguais, nem na cor, nem no tempo da florada. Cada um teve suas vantagens e suas desvantagens elencadas sem discussão, numa conta de chegada, quem sabe para nenhum levar vantagem.

É assim que os primeiros a florir são os ipês roxos. Sua florada é longa e as flores resistem ao vento, ao frio, à chuva e à falta de chuva que se alternam no período.

Os ipês amarelos vêm na sequência. Sua florada brilha no céu de inverno e remete a outros tempos, em que a vida escorria da cidade para as matas, na saga de arrancar o ouro do fundo dos mistérios.

Agora os ipês brancos chegam com força e vontade. Este ano capricharam na roupa de festa e tomaram a cidade, enfeitando o dia como a tropa dos arcanjos e dos anjos jogando as hostes do diabo nas profundas do inferno.

O momento é deles, mas é um momento curto. Um instante rápido na passagem do ano. Um piscar de olhos.

Pode ser porque os ipês brancos são os mais bonitos de todos. Com os galhos floridos, adquirem uma beleza quase impossível e por isso ela não resiste muito, passa rápido.

O esforço para mantê-la exaure as árvores e as pétalas começam a cair poucos dias depois que se abrem.

Mas a festa continua no solo. As flores caídas dão vida nova às calçadas normalmente malcuidadas da cidade. Tapam o cinza, as rachaduras, os buracos, e fazem de conta que São Paulo é sempre bem cuidada, como os caminhos dos jardins dos grandes palácios da Europa.

Depois dos ipês brancos ainda teremos a florada dos ipês rosa. São delicados, sensíveis e também têm vida breve. Já, já, estarão aí.

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