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Crônicas & Artigos

em 18/06/18

É no mínimo estranho

Cada vez mais eu me surpreendo com o número crescente de pessoas que se comovem e ficam chocadas com a guerra na Síria, as crianças que morrem na travessia do Mediterrâneo, na dureza das nações europeias que não recebem os refugiados, nas barbaridades que acontecem no Afeganistão, na dureza de Donald Trump, etc.

Não porque não sejam casos de indignação. Sem dúvida nenhuma, são. O que vai pelo mundo é feio, baixo e sujo, eu não tenho dúvida. O que me surpreende é que não falam do Brasil, como se o país fosse uma ilha de paz e prosperidade, capaz de deixar os países nórdicos com vergonha.

É curioso como nos horrorizamos com os outros, mas não nos horrorizamos com assassinatos que ceifam a vida de sessenta e dois mil brasileiros todos os anos.

Não discutimos o sistema de ensino que não forma os jovens para o mundo moderno. Não discutimos a alta incidência de jovens sem emprego. Não nos preocupamos com a violência bruta que devasta as periferias e mata negros e pardos em escala muito maior do que as outras etnias.

Não nos preocupamos com os mais de quarenta e dois mil mortos e os quinhentos mil inválidos gerados anualmente pelos acidentes de trânsito.

Fingimos uma ética que não temos e hipocritamente viramos a cara para o problema gravíssimo das mulheres que morrem ou ficam aleijadas em função de milhares de abortos clandestinos, sabe Deus feitos como.

Também não tomamos providências para inibir o número absurdo de acidentes do trabalho. Da mesma forma que o povo não grita quando o Governo tira dinheiro da saúde para subsidiar o diesel. Temos maleita, lepra, dengue, doença de chagas, cocaína, crack, anfetaminas, políticos corruptos, justiça falida, funcionários públicos incompetentes ou desonestos, mas mal estão outros. Nós vamos com Deus e vento a favor.

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