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Crônicas & Artigos

em 20/07/18

Caldo de galinha e cautela

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

O momento é de cautela. Como diz o caipira, caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém. Se olharmos o cenário, em todas as áreas, a incerteza, a indefinição e os riscos neste instante são a única certeza de qualquer gestor minimamente antenado ao que acontece no Brasil.

Apenas por uma questão de método, começando pelo cenário político nacional, ainda que os acertos comecem a sair das cartolas dos partidos políticos, ainda falta muito para se ter um vago retrato do que vem pela frente, especialmente no que diz respeito às eleições.

Não é apenas a disputa pela Presidência da República que está completamente aberta. As eleições estaduais, nos principais estados, estão andando de lado. Tanto faz o que os políticos querem, o que vale é o que o eleitor quer. E até agora a única coisa que o eleitor mostrou é que quer mudar o Brasil, mas sem dizer como ou com quem. Também não sinalizou minimamente qual a dose de sacrifício que está disposto a suportar para ter um país mais justo e mais eficiente.

As eleições terão pouco dinheiro e, sem recursos, a lógica é que os atuais deputados e senadores sejam privilegiados pelos partidos, que, na outra ponta, devem suportar as candidaturas majoritárias, muito mais caras do que a campanha de um deputado.

Isto traz a certeza de que a renovação desejada de forma difusa pelo povo será muito menor do que se imagina. É praticamente certo que vários dos nomes que atualmente envergonham a política nacional serão reeleitos e continuarão poderosos, tanto faz quem vença para Presidente.

Tendo o fisiologismo como uma realidade, a questão da competência econômica nacional surge como outra coluna que precisa ser colocada em pé. O Brasil está completamente sucateado em todos os terrenos que impactam a economia. Nosso parque industrial é velho e desatualizado, nossa realidade tributária é insana e cara, nossas escolas não formam profissionais com as competências exigidas pelo mundo moderno e a demagogia corre solta, atrapalhando qualquer dose de bom senso nas relações entre patrões e empregados.

Com o mundo discutindo as novas formas de trabalho, nós ainda discutimos relações de emprego. Com a tecnologia da informação correndo solta, nós ainda temos cartórios e monopólios obsoletos.

A realidade do país em termos de participação no cenário mundial é no máximo a que o Brasil tinha em 1908. Somos meros exportadores de produtos primários – grãos em natura e minérios em estado bruto. A derrocada é de tal ordem que até boi em pé, que em 1908 não era exportado, atualmente nós estamos exportando. Mais do que isso, apesar de nosso agronegócio ser dos mais eficientes do mundo, estamos perdendo tempo e avanço tecnológico em função das políticas equivocas adotadas nos últimos anos, tanto para a ocupação do solo, como para empresas como a Embrapa.

Como se não bastasse, o mundo está às portas de uma guerra comercial envolvendo os Estados Unidos e a China, mas com efeitos em todos os outros países e blocos econômicos. Imaginar que nós não seremos afetados é acreditar em Papai Noel e o apavorante é que não se vê qualquer esboço de política internacional para nos colocar dentro do quadro.

A eleição de outubro deve colocar dois cenários diante do eleitor. O primeiro promete um país inserido na modernidade e o segundo promete manter tudo de velho e torto que emperra o país há décadas. Se uma visão mais liberal sair vencedora, em pouco tempo o país, graças a suas riquezas e capacidades, sai do buraco. Mas se a vitória for da esquerda burra que nos infernizou até há pouco tempo, estaremos condenados a um longo período de trevas.

O gestor de uma seguradora tem que se debruçar sobre estes temas para tomar decisões estratégicas para colocar a companhia em condições competitivas. E a verdade vale também para os corretores de seguros. É por essa e por outras que a hora é de cautela e, no máximo, caldo de galinha.

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