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Crônicas & Artigos

em 23/09/16

A última cachoeira

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

A última cachoeira costuma ser a mais crítica. Não precisa ser necessariamente a mais perigosa ou mais difícil de ser transposta, mas, justamente por ser a última, é onde os navegantes chegam mais cansados, ou já relaxados, depois do árduo percurso ao longo do rio. E aí os acidentes acontecem, até com mais frequência do que nas passagens realmente complicadas.

O Brasil está na boca da última cachoeira. Politicamente, muita coisa mudou, mas ainda não aconteceu nada que justifique o olhar mais otimista que substituiu o pessimismo absoluto do final da gestão Dilma Rousseff.

A mudança de humor da sociedade é importante e já mostra frutos, com o aumento da produção industrial em alguns setores específicos, ainda que em patamares muito baixos. Com ela, a nação estica o fôlego para aguardar os passos realmente importantes que devem ser dados pelo Governo Michel Temer para ganhar a confiança da sociedade e dos investidores internacionais.

Até o presente momento, não entraram volumes significativos de dinheiro no país. Mesmo com os ativos nacionais desvalorizados, taxa de juros interna alta e taxas de juros internacionais negativas, os grandes capitais não estão colocando suas fichas no Brasil. Não que não possam fazê-lo rapidamente, se as expectativas encontrarem um mínimo de apoio na realidade.

As viagens do novo presidente têm como foco convencer os investidores de que nossa sina mudou, que “daqui pra frente tudo será diferente”, que a retomada do crescimento nacional é certa, mas tanto os brasileiros, como os estrangeiros estão cautelosos. Antes de acelerar, todos querem ver a pista livre e limpa. E isto só acontecerá quando pelo menos uma medida de peso for aprovada pelo Congresso Nacional.

Não precisa ser algo que recoloque o país nos trilhos do crescimento acelerado. Se tiver bom marketing, já chega, pelo menos para começar. Neste momento o importante é o impacto sobre a sociedade. Aquela coisa de “agora vai”, ou “tem pegada”, que faz com que engrenagens paradas comecem a girar e adquiram velocidade rapidamente.

Dizem os economistas que em economia o que importa é o humor do mercado e não a realidade dos fatos. Com bom humor o mercado acredita, os investimentos são feitos e a economia entra numa quadra de crescimento.

O Brasil está exatamente neste instante. O país está parado nas margens da última cachoeira. Ultrapassá-la e entrar na parte fácil do rio é possível e, até mais que isso, lógico. Mas o capitão precisa mostrar que tem o controle da embarcação. Que a tripulação o obedece, rema para o mesmo lado e quer chegar no porto.

O prazo para o Governo passar a mensagem é relativamente curto. Ou emplaca alguma ação de impacto até o final de novembro ou, segundo a maioria dos especialistas, corre o risco de perder o timing e a boa vontade com ele. Se o Governo não marcar o gol, o Brasil corre o sério risco de entrar numa espiral dramática e de resultados muito ruins, até conseguir sair do buraco.

Por outro lado, a equipe econômica é das mais qualificadas, o que garante o aval para a equipe política fazer sua parte. Além disso, a sociedade brasileira quer mudar. Ninguém aguenta mais os desmandos e a incompetência que foram nossa marca registrada na última década.

O estrago feito pelo PT não é linear. Alguns setores foram mais atingidos do que outros e tem inclusive quem, entre secos e molhados, vai se saindo bem. Entre os setores que sofreram, mas não foram severamente atingidos, está o setor de seguros. No total, até que o desempenho esperado para o ano pode ser considerado razoável, frente ao cenário complicado do país.

É verdade que, retirando da conta a previdência privada e a capitalização, os números não são tão bons. Os chamados seguros de bens, ou ramos elementares, sofreram bastante, com a carteira de automóveis puxando a fila. Os seguros de vida ficam um pouco abaixo da inflação. E os seguros saúde não sofreram tanto quanto as outras modalidades de planos de saúde privados.

Neste cenário, é o país atravessar a cachoeira para assistirmos o grande salto no crescimento da atividade. Em poucos anos, o setor de seguros pode dobrar de tamanho.

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