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Crônicas & Artigos

em 06/09/18

70 anos do Clube do Bolinha

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

O Clube da Bolinha de São Paulo está completando 70 anos de idade. Foi fundado no dia 30 de agosto de 1948 por Dimas de Camargo Maia, que o conduziu com mão de ferro e muito talento durante vários anos.

A ideia atrás do Clube da Bolinha era a possibilidade de encontro das lideranças do mercado de seguros num ambiente fora das companhias e dos órgãos de classe, com a proposta de trocar ideias numa reunião agradável e capaz de permitir que todos se encontrassem e se manifestassem durante um jantar mensal congregando amigos.

Durante muitos anos, o Clube da Bolinha foi uma entidade sem personalidade jurídica. Existia, funcionava, tinha sócios, as pessoas pagavam suas contribuições, mas não havia um clube formalmente registrado, com atas, contabilidade e demais formalidades legais.

Ele funcionava na gaveta e nas anotações do Roberto Luz, o secretário executivo do Sindicato das Seguradoras do Estado de São Paulo, que, durante algumas décadas, praticamente até morrer, além do Sindicato, controlou o Clube da Bolinha e outras entidades mais ou menos dependentes do Sindicato.

O Roberto Luz providenciava tudo para a realização do jantar mensal e levava o uísque que seria bebido na noite e as bolinhas que dão o nome ao clube e que são utilizadas até hoje para a eleição dos novos sócios – brancas a favor do ingresso e pretas, contra.

Durante muito tempo, o Clube da Bolinha foi uma entidade misteriosa, pouco conhecida, da qual não se falava muito, mas que, pela qualidade de seus sócios, tinha forte influência nos destinos do setor de seguros.

O ingresso no Clube da Bolinha tinha um ritual bastante formal e o candidato era convidado por um dos sócios para participar de alguns jantares, antes de ter o nome indicado (sem seu conhecimento) para ser sócio do Clube.

Num dos jantares a candidatura era formalmente apresentada e os sócios recebiam duas bolinhas, uma branca e outra preta, para que uma delas fosse depositada anonimamente num saco, do qual sairia o resultado da eleição, que era confirmada ou não, dependendo do número de bolas pretas que fossem contadas na apuração.

O ritual não era mera formalidade. Mais de um candidato recebeu bola preta e não foi aceito como sócio, daí a importância das eleições não serem comentadas fora do círculo de sócios: não havia razão para ferir sensibilidades.

A regra ainda se mantém e os candidatos a sócios são submetidos ao veredito das bolinhas. Se bem que a possibilidade de alguém não ser aceito exista, atualmente, as conversas e negociações para a apresentação de um candidato fazem com que os que cheguem a ser formalmente apresentados tenham seu ingresso invariavelmente confirmado na noite da eleição.

Até os primeiros anos da década de 2000, o Clube da Bolinha não aceitava mulheres entre seus sócios. Foi nessa época, após um longo e complexo trabalho de convencimento, que as primeiras mulheres foram eleitas, quebrando a antiga regra e abrindo as portas para que outras profissionais do setor de seguros se tornassem sócias.

Hoje, o Clube da Bolinha tem personalidade jurídica, contabilidade, diretoria formalmente eleita e segue todos os atos formais que são exigidos de um clube.

Sua essência continua a mesma de setenta anos atrás. É um encontro mensal, o mais informal possível, para seus sócios, todos profissionais ligados ao setor de seguros, se reunirem num jantar agradável, num restaurante gostoso e, durante a noite, conversarem sobre os mais diversos assuntos, estreitarem os laços de amizade e incrementarem a troca de informações.

O Clube da Bolinha ainda tem uma certa aura de mistério. Como é seu funcionamento, quem são os sócios, como são escolhidos, como as reuniões são marcadas, os restaurantes selecionados, o que é discutido… É bom que seja assim, se não for por nada, em nome da tradição e da formalidade essenciais para o funcionamento harmonioso da sociedade. Mas, mais do que tudo, o Clube da Bolinha é a solução perfeita para o encontro mensal, num jantar sem compromisso, de um grupo de amigos.

Feliz aniversário, Clube da Bolinha! Que sejam os primeiros 70 anos de muitos outros 70 anos que irão se seguir.

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